21 de janeiro de 2011

Pilotando na chuva

Chuva em São Paulo (moto)
Chuva em São Paulo (foto Portal R7)

Estamos no auge da estação das chuvas e, como se tem visto na TV, as condições de infraestrutura do país não são muito favoráveis a nós, motociclistas. E rodamos com motos pesadas que, naturalmente, são mais difíceis de controlar.
Eu costumo andar de moto todos os dias aqui em Sampa, trabalho com ela e é meu lazer aos finais de semana. Sampa não é uma cidade fácil de se andar, apesar do trânsito melhorar no período de férias.

Equipamento, nestas horas, é fundamental. Um bom equipamento pode ajudar muito o piloto a livrar-se de uma situação difícil. Ao contrário, o equipamento ruim ou errado pode comprometer a segurança.

Com chuva, o pavimento fica mais liso, principalmente no início e no final da chuva. No início, a chuva forma uma lama, composta de restos de poeira, resíduos de combustão, terra, areia e borracha dos pneus, além, claro, do temível óleo. Ao começar a chover, forma-se uma película no piso que é extremamente escorregadia e traiçoeira. Motociclistas mais experientes param em algum abrigo - embaixo de viadutos, postos de gasolina, etc. - para esperar aqueles 10 ou 15 minutos iniciais de precipitação "lavarem" esta lama. Depois disto, o piso melhora bem.

Claro, pneus em bom estado e freios bem mantidos são essenciais. Reduzir as velocidades médias e frear com eficiência, usando mais o freio motor, também. Nas H-Ds, com o alto torque natural delas, sempre é bom andar em uma marcha ACIMA do que normalmente você estaria. Por exemplo, se, em tempo seco você usasse a 3a. marcha para subir uma ladeira, tente usar a 4a. marcha. O torque excessivo na roda traseira pode causar uma derrapagem.

Lembre-se que o limite de frenagem é dado pela aderência dos pneus com o solo. Com a chuva, este limite diminui muito.

Também tome cuidado com a sinalização horizontal (aquela pintada no asfalto). A tinta costuma ter MUITO menos aderência que o nosso péssimo asfalto. E, molhada, vira um sabão.

Um capacete bem ventilado e bem ajustado ajuda muito, também. Aqui nos trópicos, nossas viseiras têm uma tendência natural a embaçar. E, quando chove muito, aquela fresta que muitos deixam para ventilar melhor, acaba prejudicando a visibilidade e a segurança quando a chuva aperta. Um bom capacete, bem ventilado, elimina o problema. Também uso aquele produto de silicone na viseira. Custa menos de R$ 10,00 em qualquer posto de gasolina e a água escorre naturalmente da viseira. A 50 km/h, não fica uma gota.

Botas: não economize. Conforto, na hora de pilotar na chuva, é essencial. Pés molhados, com aquela sensação de "slosh-slosh", tiram a concentração do piloto, pode ter certeza. E, em distâncias mais longas, certamente irão deixar os pés gelados. Prefira uma bota de cano médio para alto, elas evitam que a água penetre pelo cano.

Meias de lã são excelentes. Sim, meias de lã no verão! Ao contrário do que se pensa, meias de lã NÃO são quentes e absorvem a umidade dos pés naturalmente. As de algodão, como substitutas, também são boas. As sintéticas certamente irão deixar seus pés suados e não irão absorver o excesso de umidade.

Luvas: aqui, um ponto delicado. As melhores luvas são européias ou americanas. Eles costumam fazer luvas impermeáveis para tempo frio e as revestem com isolantes térmicos às vezes pesados. Eu prefiro isto a uma luva leve, fresquinha mas que encharca. A sensação de uma luva encharcada pode não ser tão ruim quanto de uma bota molhada, mas também compromete a segurança.

Capa de chuva: eu prefiro uma boa capa de chuva sobre a jaqueta do que um conjunto de cordura impermeável. Questão de gosto. Há boas capas de chuva nacionais no mercado. Entretanto, o tecido costuma ser fino e, apesar de serem impermeáveis e bem ventiladas, duram pouco, não mais que um ano, pra quem anda todos os dias. E você não encontra em cores chamativas, laranja, verde fosforescente, etc., como deveriam ser. Só pretas ou azuis.

Comprei uma capa de chuva para mim nos States, da H-D, em laranja-fosforescente e preto, com detalhes em branco fosforescente. Dá pra trabalhar no convés de um porta-aviões, todos te vêem. É nítido que você está sendo visto pelos motoristas, o que é muito bom. Normalmente eles não te vêem nem ao meio-dia de um dia de céu de brigadeiro, o que dizer na chuva. Valeu a pena, apesar da ventilação não ser tão boa quanto as capas nacionais. O tecido também é mais grosso, tem proteções na parte interna das pernas para evitar que se queime nos escapes, vários bolsos verdadeiramente impermeáveis e capuz.

Já estou acostumado a pilotar na chuva, mas estamos sempre aprendendo. Prudência e caldo de legumes (sou vegetariano) não fazem mal a ninguém.

(foto Portal G1)

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